Não ouviu o que lhe disse,
senhora Sereia ?
Deixe-me ir à superfície
dar sombra na areia.
Não me aperte assim nos braços
de conchas e visco
a envolver-me de sargaços
e cheiro a marisco.
Pois não vê que me sufoca
com tanta saliva
e essa moleza de foca
onde há morte viva ?
Nem pretenda seduzir-me
nua em sua cama.
Quero mundo ... terra firme ...
... ruas com lama .
Já lhe disse que me deixe.
Nenhum corpo a quer.
Dona Morte : cheira a peixe.
Não cheira a mulher .
E eu quero-a bem feminina
a cheirar a mel
- corpo de céu de menina
com astros na pele.
Então com a maré cheia
vim à superfície.
Adeus, senhora Sereia.
Até à velhice.
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