24 novembro 2011

Névoas



 Bem. Sacudo as lágrimas da gabardine
e sento-me neste esconderijo de café sujo
 a olhar através da montra em mim na rua
a treva mecânica
do amor vazio.

Quem me vir aqui a estas horas
há-de pensar: está à espera de uma mulher.

E estou.

Corpo subterrâneo
Cabelos clandestinos.
Perfil que queima e neva.

Revolução.
Tu.
Justificação do nevoeiro.

Lume
para exercícios de névoa.


08 novembro 2011

Imaginação




Olha as ovelhas como são !
Tão diferentes daquelas
 verdes ovelhinhas
da minha imaginação
 - sim, verdes da cor do limão -
 que na infância de outros prados
vinham comer à mão
luas amarelas.

Estas não.

Parecem lama aos bocados
com lã de terra
- os estupores !
Talvez na Primavera
rebentem em balidos de flores.

Enquanto eu apascento
lobos de vento ...