Vi-o cair sozinho
ao pé do tapume
e não fui erguê-lo.
Continuei o meu caminho
com raivas de lume
nos olhos de gelo ...
Ah ! D.Quixote, D.Quixote
que trago no coração,
porque não me obrigaste, a chicote,
a levantá-lo do chão ?
Porque não me obrigaste, a pontapé,
a levá-lo nos meus braços
ao Hospital de S. José
-por pedras de rasgar passos ?
Porque tão assim te contentas
com o dever clandestino
destas lágrimas sangrentas
que já nem choro, imagino ?
D. Quixote, D. Quixote,
D. Quixote sem cavalo,
sem espada nem arnês,
fechado no meu coração:
porque não me obrigas-te a levá-lo
em vez, em vez
de estares para aí a chorá-lo
com lágrimas de sonho vão ?
D. Quixote português,
covarde de solidão.
Sem comentários:
Enviar um comentário