
31 dezembro 2009
... 2010

22 dezembro 2009
Natal.
Neste periodo de festas, eu desejo para todos os meus amigos que passam por este blog, o melhor que a vida tem para oferecer. Este desejo é também para todos os anómimos que me visitam com regularidade.
Por razões diversas que surgem através da vida, que é bela mas não é fácil, perdi a inocência que existe dentro de cada homem. Não perdi a felicidade de ver nos olhos dos outros, quanto se sentem felizes neste periodo do ano por poderem partilhar momentos bons.
Um bom Natal para todos, e um feliz Ano Novo.
at
p.s.
(Para escutar o vídeo, fechar o player no final do blog)
21 dezembro 2009
Vazio.
com qualquer mecânica de primavera!
Eu que estou farto das cançôes vazias dos pássaros
e dos montes de pedras
que já ninguém sabe quem criou
neste enredo de preguiça das árvores
a repetirem sonâmbulas
a herança azul
do primeiro caos da criação.
Eu que quero outra luz,
outro sol,
outra morte,
neste planeta de cadáveres
enfurecido de flores.
Eu que só choro diante das paisagens
quando me lembro que por dentro das pedras
corre, negro e escondido,
o sangue humano de todos os fuzilados.
A primavera queremos nós criá-la.
Nós, os homens.

17 dezembro 2009
Apenas.
14 dezembro 2009
Vento.
leva-me na tua garupa de uivos.
Morte:
dá-me a tua lança de frio ardente.
Frio:
empresta-me o teu braço de gumes.
Quero galgar o céu
até à encruzilhada desses caminhos
onde os homens se desencontram
para o princípio do mundo,
com outras flores sem sangue nas mesmas árvores.
Quero pairar entre o passado e o futuro
no cavalo a galope
com sopros de flores nas patas ...
Quero assistir às lágrimas dos vulcões para o último paraiso ...
com os homens deitados nos raios do sol
a verem apodrecer as mãos inúteis ...
... e a primavera pelo mundo com dedos de metal
a colher os frutos ...

09 dezembro 2009
Memória.
Onde poisaste os olhos
não nasceram flores
nem astros de tempestade.
Ficou apenas o pudor do pólen
a perfumar a lua
de complicações de fantasnas...
E este silêncio
de duas mãos que se procuram
no amor entrelaçado das aranhas.
O meu destino e messes
tornou-te os olhos mais femeninos
duma leveza de casulos.
Mas ai de ti se te esqueces
que eu nunca cumpro destinos.
Estrangulo-os.
Ai que cansaço
de viver como se todas as estrelas fossem olhos
a verem o que faço!
Ou houvesse uma memória
no Espaço!
04 dezembro 2009
Poente.
Hoje vou ter a coragem
de não olhar para a paisagem.
Que me interessa
aquele monte de pedra azul e vermelha
ao pôr do sol,
se aqui na minha frente,
com olhos de lua transparente,
vai uma velha
de bilha na cabeça
e musgo de lágrimas no rosto?
E oh! que sol poente!
03 dezembro 2009
Pedras.
Posso ter defeitos,
viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo,
e que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
e tornar-se um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar um oásis
no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica,
mesmo que injusta.
Pedras no caminho !?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
(Fernando Pessoa)
02 dezembro 2009
Ser.
Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
(Fernando Pessoa)
30 novembro 2009
Nuvens.
Aquela nuvem
parece um cavalo...
Ah! se eu pudesse montá-lo!
Aquela?
Mas já não é um cavalo,
é um barco à vela.
Não faz mal.
Queria embarcar nela.
Aquela?
Mas já não é um navio,
é uma torre amarela
a vogar no frio
onde encerraram uma donzela.
Vá, lancem-me ao mar
onde voam as nuvens
para ir numa delas
tomar mil formas
com sabor a sal
- labirinto de sombras e de cisnes
no céu de água, sol, vento e luz,
secreto e irreal ...
26 novembro 2009
Beleza.
A beleza da mulher
escondeu-se. Onde está?
Gaveta de retratos velhos.
Fotografia na carteira.
Já não existe a fome
dos espelhos.
Nem traz na boca
o que na pele
morde de desejos.
Sol com dentes.
Agora a beleza da mulher
é uma lua por dentro.
25 novembro 2009
Neve.
vestida de luto
a cheirar a sémen de neve.
E a morte iluminou
o que havia em nós
de tortura
e sombra breve.
A outra morte.
A impura.
23 novembro 2009
Grito.
Deixa-me ver friamente
a realidade nua
sem ninfas de iludir
ou violinos de lua.
Vai-te, poesia !
Não transformes o mundo
descarnado e terrível
num céu de esquecer
com mendigos de nuvens
famintos de estrelas
e feridas a cheirarem a cravos,
enquanto os outros, os de carne verdadeira,
uivam em vão
a sua fome de estrelas
e de pão.
Vai-te, poesia !
Deixa-me ver a vida
exacta e intolerável
neste planeta feito de carne humana a chorar,
onde um anjo me arrasta todas a noites para casa
pelos cabelos
com bandeiras de lume nos olhos
para fabricar sonhos
carregados de dor e lágrimas.
Vai-te, poesia !
Não quero cantar.
Quero gritar !

18 novembro 2009
Gumes.
16 novembro 2009
Névoa.
12 novembro 2009
Cardos.

Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
para te dizer, com a simplicidade do bater do coração,
que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
e esta ternura dos olhos que se dão.
Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- mas o desejo de ser a noite que me guias
e baixinho ao bafo da tua respiração
contar-te todas as minhas covardias.
Ao pé de ti não me apetece ser herói
mas abrir-te mais o abismo que me dói
nos cardos deste sol de morte viva.
Ser como sou e ver-te como és:
dois bichos de suor com sombra nos pés.
Complicação de luas e saliva.
10 novembro 2009
Instantes.

os
meus olhos secos como pedras
e as minhas mãos quebradas.
#~~~~
"Quando eu morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto ao mar"
Sophia de Mello Breyner
09 novembro 2009
Trevos ausentes.
criaria a luz da manhã já explicada
sem o luto que pesa
na sombra dos homens
- conspiração da noite
com pedras.
Luz que o cheiro das ervas da madrugada
aproxima os mortos do silêncio
com esqueletos de asas
- conspiração com o sol
para estarem mais presentes
no tacto da pele da manhã,
mil mãos a afogarem a paisagem,
bafo de flores donde cai
o enlace das sementes ...
Abro a janela.
O mundo cheira tão bem a trevos ausentes!
Bons dias, mortos.
Bons dias, Pai.
05 novembro 2009
Frio.
04 novembro 2009
Aqui.
descemos até às raízes de asas nas plantas
e o luar brilhou por dentro do frio dos dedos.
Aqui
procurámos nas bocas o sabor do pólen
e as mãos acenderam-se em começo de astros.
Aqui
ergueram-se do chão as flores já ressequidas
para se colarem de novo nos ramos da Primavera
com leveza de corações de andorinhas.
Aqui
suor vivo.
Aqui
no princípio do mundo
tu e eu
- para além do meu orgulho
de sol passivo.

02 novembro 2009
Disfarce.
29 outubro 2009
Acidentes!

28 outubro 2009
A tecnologia!

Respondem-lhe: - Poderá encontrar ao fundo do corredor um aparelho que lhe fará o corte de cabelo automaticamente.
O nosso homem dirige-se à máquina. Um cartaz anuncia: Cortes de cabelo. Introduza a cabeça e cinco moedas de dois euros. O homem arrisca. Quando tira a cabeça do orifício, verifica que está com o melhor corte de cabelo que alguma vez havia feito.
Ao lado, outro orifício e um cartaz: Manicura electrónica. O homem arrisca meter as mãos, que, instantes depois, aparecem impecáveis. Unhas polidas, peles cortadas, pele amaciada com um creme hidratante de grande qualidade.
Ao lado ainda outro orifício, e a indicação : Para substituir a ausência da esposa, naquilo que ela é essencial. Não resiste. Insere o pénis. Coloca as moedas. Sente uma dor terrível, grita, e quando se consegue livrar da máquina, verifica que tem um botão impecavelmente cosido na ponta do pénis ...

26 outubro 2009
Ironia ao 'Nada'.
para depois criarmos a morte donde viemos,
mas que só verdadeiramente existe
quando inventada pelos homens.
A morte escondida
num poço claro de relâmpagos
que é a vida.
A morte onde em certo dia correrão
todas as lágrimas inocentes dos olhos desfeitos
na sombra iluminada.
A morte onde se ouvirá enfim pulsar o coração
do nada.

20 outubro 2009
Sentidos.
abro a janela
e olho para as ruas que planam
na cidade ardente.
Imagem redonda
em que só tu existes
para o sol me cair dos sentidos
- e eu poder imaginar-te
nas manhãs dos sonhos concluidos
exactamente como és.
O sol
vai andar todo o dia
- trono de sombra,
atado aos meus pés.
~~~~~~~~~~
Tropeço no passeio.
Vou pedir à luz que me leve depressa
para apanhar o autocarro das oito.
Estranha manhã esta !
em que do sol, das árvores,
das pedras, dos homens,
só vejo cair a noite.

15 outubro 2009
Sentimentos.

Diz-se que uma imagem vale por mil palavras ... para quê escrever mais!?
(Imagem obtida durante um incêndio florestal)
13 outubro 2009
Um prazer!
acaricia a dança,
vive-se num espelho trémulo,
dá à solidão o duelo dos fantasmas
que se beijam com bocas de lâminas doces.
Os homens dançam com pernas alheias
e os corpos só as encontram
nos deuses perdidos nas nuvens
com louros nos cabelos das tabernas.
Beber conclui as asas,
empresta aos dedos
os véus luminosos
esquecidos pelos morcegos no pó das cavernas.

09 outubro 2009
Guitarra triste.
O Fado sempre foi, ainda é ... e sempre será poesia cantada.
(Fechar player no fim do BLOG)
07 outubro 2009
Olhos da imaginação.
05 outubro 2009
Sombras.

na superfície de si mesmas,
parecem mais profundas nas águas
só por serem fugidias
e vagas.
Afinal meras imagens
de pinheiros e penedias,
aroma a vegetal das margens.
Enquanto uma voz,
daquelas a quem Camões chamava musas
ainda hoje me repete
o que tantas vezes me disse:
« Não te iludas.
Só tens olhos de superfície. »
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