21 março 2011

Visões


Chegam aos mil, no vento, em turbilhões
De asas, chocando os cornos e os tridentes,
Os demónios cruéis, fúrias dementes,
Que enchem as minhas noites de visões.

De olhos em mim, à volta, em convulsões
Riem. E os corpos nus, fosforescentes,
Lançam palpitações intermitentes;
Povoam serra e terra de clarões.

Mas um que, por mais cínico e cruel,
Entre os outros demónios é ministro,
Dá-me uma taça, a transbordar de fel.

Fita-me, intimativo, o monstro aziago,
E, sob o império desse olhar sinistro,
Bebo, com asco horrível, trago a trago...

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