14 maio 2009

Ninfa.

Ó ninfa sonâmbula
com boca de musgo
a fingir de fonte
no rumor do vale:
que trazes, que trazes no fundo das pedras?
Só esse sussurro
do tédio dos mortos
fartos do silêncio ?
Não ouviste os brados
na fome dos poços ?
Já não há rugidos
no som das cavernas ?
Nem soluços de homens
nos ecos das minas ?
Ou corações pobres
de sofrer inutilmente
por flores sem pétalas ?
Não há mãos de gritos
a rasgar crateras ?
Só esse dormir
de acordada ... ou morta ?
Ah! ninfa sonâmbula
com boca de musgo
a fingir de fonte:
cala o teu murmúrio
de suor de escravos
a aumentar a sede
longa dos senhores ...
E lança na noite
o jorro de sangue
dum grito de abismo
para acordar o mundo
deste apodrecer
de nuvens em pedras.

1 comentário:

Jose Ramon Santana Vazquez disse...

...y de la sangre,brotara la misma fuerza..tuyo desde el alma jose ramon.