03 outubro 2012

Palavras






Valem-me as palavras que me deram em criança
e agora rastejam no chão,
atravessam-no,
mortos aparentes,
sombras vivas
com torturas nos dentes
que mordem os cordões,
escondem-se na terra,
unhas agressivas,
sugam o sangue dos vermes
tornam-se líquidas,
juntam-se em símbolos,
rios subterrâneos de metáforas
suor oculto.
Vêm de todos os lados,
química de sons em água,
fonte para um dia,
cinco bicas na mão
- bocas acordadas por fim nas rochas
que, em vez de beberem neblina,
CANTARÃO.


 
 

Sem comentários: