Delírios do Corsário
Poeta é o homem que leva o facho da treva ao fundo da mina.
28 setembro 2012
Mordaça
Também eu, também,
sonâmbulo de versos
gritei em vão
para arrancar as rosas
das pedras do muro.
Agora é a tua vez
de gelo e lume.
Grita, despedaça
com lâminas na boca
esta nossa mordaça
de silêncio imune.
21 setembro 2012
Evasão
Hoje até remorsos tenho
dos meus pobres versos a fingirem de subversivos
que os mortos do rebanho
lêem com o arreganho
de se julgarem vivos.
No fundo, evasão
para futuros sem chão.
12 setembro 2012
Labirinto
Mais uma vez vou chorar em voz alta
já tão farto deste remorso de bandeira aos gritos !
Mais uma vez vou ensanguentar o silêncio
com as unhas da dor dos outros
que já nem sinto
- de tão repetida
sereia de alarme.
Perdi-me num labirinto
e quero ouvir-me
nos gritos ocos
para encontrar-me.
03 setembro 2012
Despojos
Da alma e de quanto tiver
Quero que me despojeis,
contando
que me deixeis
Os olhos para vos ver.
02 setembro 2012
Ilusões
Entrei no café com um rio na algibeira
e coloquei-o no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...
A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a beleza
para me iludir
dum destino.
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