06 dezembro 2011

Olhos




A tua voz deu-me outra vez o calor da terra
 - o cheiro ao rasto das flores pisadas.

E agora que me importa o céu ?
 E os astros de garras azuis que me arrastam até aos abismos
 onde as águias assassinam as manhãs ?

E que me importam os cemitérios da noite
quando os fantasmas enterram os cadáveres de vento ?

 E as luas clandestinas nos corações dos mortos ?

E as mulheres deitadas nas nuvens
com sexos metafísicos nos relâmpagos ?

Só quero a terra, ouviram ?

A terra redonda dos teus olhos de ninho quente.
A terra sólida das nossas sombras no chão à espera de flores.
Sim.
As flores existem.


Sem comentários: