09 junho 2011

Futuro


 E justamente agora
quando o futuro ia começar
com teias de aranha nas prisões 
só com os presos de propósito
para haver liberdade.

Agora que os assassinos
iam colar nos braços as mãos das crianças mortas
para afagarem os rochedos.

Agora que os muros tinham resolvido ruir
para a igualdade dos passos sem sentido.

Agora que dos homens
restam apenas belas palavras fósseis
nas escavações do fogo destruido.
Preso às escarpas da tempestade
ainda se ouve este rasto de vento esguio.

2 comentários:

ev disse...

É neste mundo que te quero sentir
É o único que sei.
O que me resta.
Dizer que vou te conhecer a fundo
Sem as bênçãos da carne, no depois,
Me parece a mim magra promessa.
Sentires da alma? Sim. Podem ser prodigiosos.
Mas tu sabes da delícia da carne.
Dos encaixes que inventaste.
De toques.
Do formoso das hastes.
Das corolas.
Vês como fico pequena e tão pouco inventiva?
Haste. Corola.
São palavras róseas.
Mas sangram.
Se feitas de carne.
Dirás que o humano desejo
Não te percebe as fomes.
Sim, meu Senhor,
Te percebo.
Mas deixa-me amar a ti, neste texto
Com os enlevos
De uma mulher que só sabe o homem.

Hilda Hilst

ev disse...

Descubrí recién a Hilda Hilst y me encantó, te dejo este.
Beso