Tanto se foram, Ninfa, costumando
Meus olhos a chorar tua dureza,
Que vão passando já por natureza
O que por acidente iam passando.
No que ao sono se deve estou velando,
E venho a velar só minha tristeza;
O choro não abranda esta aspereza,
E meus olhos estão sempre chorando.
Assim, de dor em dor, de mágoa em mágoa,
Consumindo-se vão inutilmente,
E esta vida também vão consumindo.
Sobre o fogo de amor inútil água !
Pois eu em choro estou continuamente,
E do que vou chorando te vais rindo,
Assim nova corrente
Levas de choro em foro;
Porque de ver-te rir, de novo choro.
*(Camões)(Imagens: O mar nas "minhas"dunas)