08 setembro 2010

Estrelas

Em criança
às vezes modelava perfis de terra
com a lama dos quintais.

Mas parava triste
ao sentir-me mais só.
Estrangulador de abutres
de mãos secas
que um dia hás-de escalar o céu
para dar o verdadeiro fogo, o nosso,
à solidão das estrelas.

(Imagens: Marginal e praia de Fuengirola, em 09/2010)

3 comentários:

ev disse...

"como anotações de um mapa
fundimos o tempo com a cidade
inventando assim uma fuga ao vazio

se formos pacientes
escolhemos uma a uma as memórias
que repetimos todos os dias
e se todas as fugas são biográficas
todos os regressos acabam numa rua sem ninguém"

maria sousa

CorsáriO disse...

~~~~~~
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

*Florbela Espanca
~~~~~~

ev disse...

Gracias por presentarme a Florbela Espanca. Desgarradora
Beso CorsariO