Ah! se eu pudesse dar-te uma lua pequenina
para trazeres no fundo dos olhos.
Ou essa simplicidade das flores
sem dentes nas raízes.
Mas não.
Há o peso dos desastres do mundo.
O naufrágio dum navio pardo de que só se salvou a inclemência.
As fogueiras apagadas pela teimosia de amarmos o frio.
As mulheres que se entregam à melodia dos esqueletos.
E principalmente esta raiva da morte não acordar,
de não acordar nunca, não acordar mais,
de continuar sempre a ser morte,
sempre, sempre...
- mesmo depois de a imaginarmos
com leveza de estrela
presa nos cabelos pelas tuas mãos de cristal
coladas a uma nuvem.