No recanto do jardim neste dia de nevoeiro forrado de olhos cegos,
o menimo pôs-se a escavar a terra
e, de repente, parou ao sentir a mão a arder
com manchas de sol puro
enterrado pela morte dos deuses
que lá deixaram
a esperança suave e doce
da pele dos dedos.
Ah!, deixa, deixa-a arder bem,
a mão,
o pulso,
o braço
archote da labareda inocente
com que um dia criarás
um mundo diferente
com outro peso branco nas sombras.
Um mundo de fábricas de justiças delicadas
onde, em vez de folhas,
cresçam nas árvores
ventos de cabelos femininos.
E em cada pedra, em cada fruto, em cada lago,
em cada pétala, em cada vulcão,
ouviremos todos bater
no centro do planeta
o teu coração.
... com ritmo de pólen
- menino das mãos a arder.