29 agosto 2011

Sonho


 Dei um salto para o lustre
e atravessei a sala
aos tombos no frio agudo
dos violinos lunares
sustidos pela mão esquerda do regente...

Ah! fio, não te quebres.
Continua esticado
entre o sonho e o silêncio
da luz imprecisa.

Pronto. Partiu-se e caio de súbito num alçapão
de trombetas, violoncelos, pratos, clarinetes
- tudo misturado com o flautim incómodo
e o ranger da porta da frisa.

Abismo de voos !



17 agosto 2011

Escuro


Vou aproveitar a escuridão
para estender os braços,
alongar os dedos
com mãos fluídas,
apertar-te o pescoço
no gozo de esfarrapar mármore de penas...

Porque tu não és como nós.
Não respiras como nós.
Não suas como nós.

E só a morte poderá aquecer
a pedra do teu frio de açucenas.


11 agosto 2011

Sinais


Noite de lua e malogro
em que em vão busco os sinais
dos subterrâneos de fogo
que há nas palavras banais.

Pobres palavras de todos
onde - melhor que poesia ?
-hoje só sinto o sabor
do sangue do dia a dia!